Vírus e memes têm muitas coisas em comum. Espalham-se rapidamente por uma grande região, multiplicam-se de maneira acelerada e atingem várias pessoas numa velocidade assustadora. Mas os memes nem sempre fazem mal!
Estamos numa época em que a palavra meme remete a figuras e vídeos engraçados, irônicos e replicáveis. Meme, na linguagem atual, é um viral digital satírico que circula, em poucos instantes, por uma região – seja ela uma cidade, um país, continente ou até mesmo o mundo inteiro – entre grupos de interesse que se identificam com determinada figura.
Depois de circular, o meme fica conhecido e é usado como se fosse um bordão 
.
Neste artigo, a gente vai ver:
- As semelhanças entre vírus e meme;
- O que é a memética;
- A influência da cultura de um país sob a viralização de um meme.
Solidão, né, minha filha?
Um exemplo de meme famoso é o “[…], né, minha filha?”, do Doutor Dráuzio Varella, que foi muito usado para representar a saudade que as pessoas têm de fazer determinadas coisas.
Esse meme surgiu durante uma entrevista no programa Fantástico, no início da pandemia, em que o Dr. pergunta a uma de suas entrevistadas “Solidão, né, minha filha?”. Logo depois, no Twitter, a frase começou a ser adaptada e espalhada pelo Brasil.
Mas, inicialmente, a palavra meme não teria apenas este significado.
O DNA e a tal da memética…
No ano de 1976, o biólogo e darwinista Richard Dawkins escreveu o livro O Gene Egoísta. Neste livro, ele descreve uma comparação entre os genes e a genética humana (que tem como objetivo se proliferar; não deixar de existir) e os memes e memórias. Isso tudo é explicado mais profundamente com a análise teórica, que recebe o nome de memética.
Dawkins discorre sobre a cultura e os costumes humanos, como são transmitidos de uma pessoa para a outra e como a cultura pode ser acoplada ao DNA. Em sua teoria, ele explica que a cultura do indivíduo seria como um organismo vivo e que ela dita todo e qualquer comportamento humano.
O meme é comparado ao DNA humano, como se ele fosse o código genético viral e, a partir disso, ele é classificado como o DNA da ideia. Segundo Dawkins, o meme tem a função de “infectar” e convencer o maior número de pessoas a seguir aquele comportamento ou pensamento.
As ideias humanas podem surgir, se adaptar de pessoa para pessoa e, assim, se tornar novas ideias, sendo o meme mutado e proliferado, tornando-se viral.
Além disso, nessa teoria, os costumes funcionam como no modelo de Seleção Natural: o costume que melhor se adapta, sobrevive e prolifera, constituindo uma cultura.
Tá, mas e o que a cultura tem a ver com o meme?
Podemos definir o meme como uma unidade cultural que pode ser replicada. Então, as famosas figuras caricatas, piadas e frases – tidas como bordões que são espalhados hoje em dia – também podem, sim, ser chamados de memes. Eles estão espalhados pelas marcas nas redes sociais, por exemplo, fazem o uso de imagens e vídeos engraçados para disseminar seu conteúdo e interagir com o público.
Segundo Dawkins, o meme é um fator cultural. Logo, ele faz parte das experiências sociais. Eles se adaptam à cultura em que são inseridos e é justamente esse o motivo pelo qual as pessoas e marcas os utilizam: para se inserirem na sociedade.
Pode-se deduzir, portanto, que, como a sociedade tem se adaptado a diferentes significados das palavras, muito provavelmente os memes da internet serão um objeto de estudo da memética futuramente, pois fazem parte da cultura digital de uma grande quantidade de pessoas ao redor do mundo. E, como a memética inicialmente tem relação com a cultura e influências sociais, ou seja, certamente teriam um motivo para estudar as interações digitais.
Os memes e o marketing 😀
Convenhamos que, se uma marca utiliza um meme para promover seu produto, é muito mais provável que as pessoas notem sua presença! E assim, interajam com o conteúdo, seja ele digital ou não. E, como hoje em dia a utilização dos memes está em pauta, o seu uso tornou-se uma das principais formas de comunicação na internet.
É como se ele tivesse se tornado uma ferramenta de marketing em que a estratégia é engajar e persuadir seu público por meio de uma brincadeira.
Uma imagem simples e bem-humorada é ligada à realidade da marca, fazendo com que complemente a informação contida na legenda. Para exemplificar, podemos usar as marcas:
- Netflix Brasil: geralmente produz seus memes baseados em seu conteúdo, como a gente costuma falar, ela faz o meme dela!
- SODRO: eles amam falar dos assuntos do momento e o momento (abril de 2021) é BBB21!
- Burger King Brasil: geralmente a marca viraliza tirando um sarro com o concorrente :p
Pra resumir, esta teoria é muito, muito, muuuuito para entendermos a relevância que os memes têm. Eles são ideais para a interação das marcas com seu público, para integração de diversas tribos da sociedade e, principalmente, como um objeto de estudo.
Agora, você, leitor, pode dizer com certeza o quanto o meme é relevante pra sociedade.
